segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Brasil, a eterna esperança

Bom.

Eu venho adiando minha vinda aqui no blog pra falar sobre o ENEM porque achei que só eu estava extremamente revoltada com tudo. Mas aí vi várias reportagens de ente séria falando que esse ENEM foi mais cruel que qualquer vestibular. E foi mesmo.
Vou tomar eu mesma como exemplo. Sempre fui ruim com as matérias exatas, mas sempre procurei me manter no nível. Não foi diferente este ano: como eu queria entrar numa das faculdades mais procuradas de São Paulo (UNESP) e como meu curso era entre os dez mais disputados (Nutrição - 24,8 por vaga), resolvi que teria que investir. Fiz uma provinha super concorrida para fazer cursinho na UNESP , em Ourinhos. Acordava todos os sábados e domigos às 5 da manhã pra pegar a perua que levava a gente ( eu e mais 6 amigos) às 6. Chegava á às 7 e ficava até 12:50. Chegava em casa 2 horas da tarde, tomava banho dormia, depois acordava e estudava pro dia seguinte. Sem contar que eu acordava de segunda à sexta seis horas pra ir pra escola e ia à noite fazer técnico. Chegava todos os dias as 23:30 pra dormir e acordar as seis de novo. Depois de agosto, comecei a pagar uma professora que dava duas horas por semana de aula de matemática e física. Quando faltava uma semana pro enem ( que seria dia 3 e 4 de outubro), estudei ainda mais : teve um dia que dormi em cima dos livros. Na quinta feira (01/10) soube que o ENEM seria adiado. Fiquei revoltada com a falta de consideração com todos os estudantes, tanto que meu texto foi publicado no site da CAPRICHO quando o tema era o que a gente achava dessa palhaçada.
Bom. Passado o susto, eu ainda tinha dois mese do ano e muitas maratonas pela frente. Fiz a primeira fase da UNESP, achei difícil. Mas não cruel- na medida. Coo vim de escola pública, sabia que seria ainda mais difícil. Mas minha mãe sempre me disse que as coisas não caem do céu, e que se eu quisesse ser a melhor, teria que caminhar muito. Não deixei de estudar, mais a cada dia que passava estava mais apreensiva: o ENEM agora pediria fórmulas, seria noventa questões cada dia, será que eu conseguiria?
Quando chegou o sábado, estava tranquila, até porque eu tinha estudado bem. Fiz o ENEM. Achei tudo muito mal explicado, questõs com erros de ortografia, sem pé nem cabeça. Saí com uma ponta de decepção : como seria o dia seguinte. Foi pior. Com uma hora a mais, fiz a redação primeiro. Depois, fiz as questões de portugues com calma, afinal portugues você tem que ler TUDO para entender. Quando cheguei em matemática e suas tecnologias, eram 4:00. Fiquei calma: ninguém tinha saído. Comecei a responder. Fiz 8, com todas as contas e tudo. Ouvi um menino dizer á atrás "Vou chutar o resto". A menina atrás de mim falou baixo " é verdade". Todo mundo deve ter chutado. Tive que chutar doze questões, e ainda quase tive meu gabarito tomado pelo fiscal. Voltei embora decepcionada, como se todo o esforço não tivesse valido nada.

Agora eu me pergunto : imagine quantas pessoas passaram pelas mesmas coisas, ou até piores que eu passei. Imaginem a decepção de alunos que estudaram e tiveram que chutar questões que sabiam fazer. E agora? As provas não serão canceladas. A minha chance já passou. E a culpa é minha? A culpa é de quem? Em quem posso colocar a responsabilidade de colocar duas principais disciplinas e redação no mesmo dia? Quem vai me ajudar? Ninguém. Agora vou virar números. Números de alunos que não conseguiram fazer uma universidade porque não atingiram a nota. O que adiantou ser boa aluna a vida toda?
Enquanto eu tento me reconstruis, só peço uma coisa: que se for pra mudar, que mude o sistema. Não adianta o Brasil querer dar uma de EUA e inventar o SAT brasileiro. Aqui as coisas não funcionam. Eu ó peço que do fundo do coração, façam uma coisa de acordo com a realidade. Porque a maioria de quem necessita do ENEM necessita MESMO. E não sabe nem a metade do conteúdo exigido. Passou da hora de regionalizar o conteúdo, de investir na educação. Um país que condenou uma faculdade não aplica a ética que prega. Isso é que é uma vergonha.
Apesar de tudo, espero que ainda possa um dia justificar o amor que sinto por essa terra. Mas não quero que seja o Brasil da "eterna esperança", como uma questão do ENEM dizia. J á estou farta de ter esperança.


* Ignorem os erros, digitei isso em 10 minutos

0 comentários:

Postar um comentário